Por Louise Duarte
Um dos filmes mais poéticos e bucólicos dessa leva de filmes indicados ao Oscar desse ano, 'Ela' (Her, 2013) de Spike Jonze sem dúvida nenhuma é um alerta onde mostra ao telespectador para onde a tecnologia pode estar nos levando. A história se passa em Los Angeles em um futuro distante onde Theodore (Joaquin Phoenix) ganha a vida escrevendo cartas na companhia Belas Cartas Manuscritas.com. Theodore depois que sai do trabalho vai direto para casa onde vive sozinho. Depois de ter terminado um relacionamento que durou anos, agora ele está solitário e ainda não está preparado para se comprometer com uma nova pessoa. Seus únicos amigos são Amy e Charles (Amy Adams e Matt Letscher) e ele passa esse tempo todo conectado à internet full time através de um fone de ouvido que fica quase o tempo todo na sua orelha que ele usa para acessar emails, sites, ouvir música, tudo por comando de voz.
Quando compra e decide instalar um novo sistema operacional, que na verdade é a primeira inteligência artificial da Element Software, Theodore tem a opção de instalar o novo sistema baseado em seus gostos pessoais, experiências e opiniões. Ela se autodenomina Samantha (na voz de Scarlett Johanson) que inicialmente servia apenas como uma espécie de secretária, ajudando ele a organizar melhor o seu trabalho e tarefas domésticas mas que acaba se tornando algo que ele nunca imaginou.
De secretária a amiga e confidente, ele começa a se relacionar com ela e se encanta pela voz que pode ser definida como uma nova inteligência artificial. Para Theodore, Samantha é tudo que ele poderia esperar de uma mulher. É engraçada, irônica, charmosa e opinativa. Sim, ela tem opiniões e começa a desenvolver sentimentos pois ela também atua com intuição pois evolui o tempo todo, o que traz à tona aquela velha pergunta. Será que algum dia seremos substituídos por máquinas? Porque como a própria Samantha diz em um determinado momento do filme, ela é uma voz sem um corpo. Mas para que ela precisaria de um corpo? Ela se sente livre assim e em anos os humanos estarão mortos e as máquinas continuarão na terra exatamente por conta da sua inteligência sem precisar alimentar e tratar do corpo.
Mas quando o relacionamento deles atinge um novo nível, Theodore se apaixona por Samantha assim como ela por ele. E ele não tem vergonha de apresentar ou confessar aos amigos, que Samantha é sua namorada. Embora ele fique frustrado em algumas situações em que sinta necessidade de tocá-la devidamente. Mas o relacionamento deles é genuíno e verdadeiro.
Joaquin Phoenix passa boa parte do filme contracenando sozinho já que Samantha nunca aparece na tela, somente sua voz. O ator está bem em cena, mas é Scarlett Johanson quem rouba a cena dando vida a voz de Samantha. O trabalho que ela faz somente com a voz é fenomenal. Ela consegue passar todos os sentimentos necessários para a relação dela com Theodore e tudo isso sem nem virmos seu rosto para saber o que ela está sentindo.
Amy Adams que interpreta Amy, melhor amiga de Theodore e editora de filmes tem um papel pequeno mas importante no longa já que é com ela que ele desabafa em alguns momentos. Tanto em relação ao seu relacionamento anterior como no caso de Samantha. Indicada como melhor atriz desse ano por 'Trapaça', a atriz interpreta uma personagem completamente oposta em 'Ela' que serve como confidente do personagem de Phoenix, provando que é possível uma amizade sincera entre homens e mulheres, já que o caso de amor do filme que pode ser definido como uma comédia romântica completamente fora dos padrões conhecidos é entre Theodore e Samantha.
Com cinco indicações ao Oscar incluindo Melhor Filme, Roteiro Original escrito pelo próprio diretor, canção original para ”The Moon Song” composta por Karen O (música e letra) e Spike Jonze (letra), Design de Produção e trilha sonora. O filme estreou no dia 14 de fevereiro e está sendo distribuído pela Sony Pictures.
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