segunda-feira, 31 de março de 2014

Se quer respeito, se dê ao respeito...

Para quem acha que o problema do estrupo no Brasil é o tipo de roupa da vítima, melhor rever seus conceitos. Pessoas precisam aprender a respeitar as outras pelo que são e não pelo que elas acham que os outros têm que ser.


Se acha que basta julgar alguém pelo tipo de roupa que usa, é bom lembrar que há muito ladrão de terno e gravata roubando o dinheiro da merenda escolar, comprada com os impostos altos que os brasileiros pagam a cada ano.

Pior é imaginar que existam pessoas que acham que agredir um mulher, verbalmente ou fisicamente, é justificável quando ela não se comporte como a sociedade exige. Acham que uma mulher sem opinião própria e que fica em seu lugar, calada, aceitando tudo sem questionar, é a resposta para o fim da violência. Tal pensamento mostra que além de preconceituosos e machistas, boa parte dos brasileiros fugiu das aulas de História.

De acordo com uma pesquisa 65% dos brasileiros acham que mulher com roupa inadequada merece ser atacada, pois estão pedindo para serem estupradas. (Então pela lógica desse pessoal, imagino que um homem sem camisa na rua, também deve está pedindo para ser estuprado.)

Por causa dos resultados da pesquisa, não só a presidente Dilma se manifestou com seu repúdio e política de tolerância zero aos atos de violência conta mulher, como um protesto virtual no Facebook, iniciado na sexta-feira passada (28) por internautas indignadas deu o que falar.

Publicando na rede social fotos com a frase "Eu também não mereço ser estuprada" (usando a hashtag #EuNãoMereçoSerEstuprada), mulheres de todo o Brasil repudiaram a ideia que o estupro é culpa da vítima.

O resultado, além de adesão em massa (18,9 mil), foram ameaças a organizadora do protesto, inclusive de estupro. Ameças que deviam ser averiguadas pela polícia e as de estupro a organizadora, podia colocar o "estuprador em potencial" umas noites na cadeia.

A repercussão da pesquisa e do protesto no Facebook gerou novo protesto, com foco no Twitter, quando a roqueira brasileira Pitty, buscando fazer mais, juntou fotos e convocou fãs a protestarem com ela e todas as mulheres discriminadas do Brasil.

"graças a ajuda das queridas @deborafala e @suellensantana, o lance com as fotos que vocês mandaram tá ficando incrível. :)) #EuSouMinha" - comentou Pitty em seu perfil durante a montagem da página.

Usando a hashtag #EuSouMinha muitas fãs publicaram fotos das mais diversas, declarando seu repúdio aos que acham que um estrupo pode ser justificado. Assim como os fãs e outros homens de mente evoluída.

Quando questionada sobre se "gordinha" podia participar enviando fotos, Pitty declarou:

Como assim "gordinha pode?"??? TODAS são importantes e bela, gorda, magra, preta, branca, oriental, jovem, velha, atlética, hedonista, mãe, filha, índia, puritana, puta, trans, gay, cis, poliglota, analfabeta, rica, pobre... Ou somos livres, todas, ou não somos nenhuma. Eu sinto isso.

No entanto, o importante é não se calar. Não aceitar algo porque alguém falou a séculos atrás. É questionar, usar a cabeça e pensar se há uma lógica para aceitar tal coisa. Por isso mulheres e homens, que usam a cabeça, de todo o Brasil fizeram protestos no fim de semana, principalmente no Facebook e Twitter, contra o resultado da pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que revelou a lamentável realidade brasileira.

Em meio ao protesto virtual, homens e mulheres sem noção e/ou que estão entre os 65%, postaram fotos ironizando o protesto, mas não durou muito.

"A cultura machista está impregnada na sociedade brasileira", diz socióloga Nina Madsen, integrante do Colegiado de Gestão do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea), em matéria no site da Agência Brasil.

Quem quer ver o trabalho da roqueira Pitty junto aos fãs, ela tuitou:

"Pronto, está no ar. Todas as fotos que vocês mandaram pro
#EuSouMinha -> http://eusouminhasim.tumblr.com/"


Fonte: Twitter da cantora Pitty, @BlogueirasFeministas, Jornal O Estado de São Paulo e Agência Brasil.

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