As Blogueiras Feministas mostram diariamente a triste realidadede de muitas das brasileiras, as quais precisam mais que críticas, daqueles que as acusam de "procurarem" tal situação ou que as tratam por criminosas, quando buscam pelo direito legal ao aborto.
Não basta dizer NÃO AO ABORTO, ou defender o aborto legal, é necessário cobrar do governo um mudança eficaz nas leis de nosso país, onde os agressores sejam severamente punidos e não as vítimas. Porque a impunidade leva a novos crimes, pois a maioria das mulheres que sofrem violência, tem como agressor o próprio companheiro, o qual sempre alega estar no direito. Direito esse, que é aceito por nossa sociedade, quando usamos aquela conhecida frase "em briga de marido e mulher ninguém mete a colher". Ser marido ou companheiro, não dá o direito de agredir, abusar e violentar uma mulher.
É fácil dizer NÃO AO ABORTO e condenar as mulheres que o praticam, mas não pode ficar só nisso. Porque em um país tão religioso como o Brasil, não basta dizer NÃO AO ABORTO, precisamos buscar leis para amparar as mulheres que sofrem violência sexual, não deixá-las a própria sorte.
As mulheres vítimas de violência precisam de amparo e não de crítica. Precisam de leis que permitam que sejam atendidas imediatamente por qualquer hospital, público ou privado (sem qualquer custo, ou cheque calção), recebendo os cuidados necessários não só pela agressão física, mas também psicológica. E, principalmente, para ter acesso a pírula do dia seguinte, que evitaria uma gravidez indesejada, e aos medicamentes contra qualquer tipo de doença sexualmente transmissível.
Se uma mulher tem o direito de não querer um filho do homem que a violentou, por não ser humanamente possível alguém querer o fruto de uma violência tão bárbara, imagine uma adolescente abusada por aquele que devia proteger. E não tem essa de "ela procurou usando aquela sai curta". Isso é desculpa de machista. Vivemos em um país tropical, onde mulheres e também homens usam pouca roupa. Se fomos pelo raciocínio machistas, então todos que frequentam as praias brasileiras estão pedindo para serem estuprados?
É fácil dizer NÃO AO ABORTO, quando não se pensa na situação das mulheres e adolescentes agredidas, afirmando que a culpa é delas. Elas precisam de amparo, não de calúnias. Porque ninguém pede para ser agredida dessa forma tão brutal. Tanto é verdade, que entre os adolescentes da lista de violência sexual, há vários garotos. Se a desculpa para as adolescentes serem violentadas é o tamanho da saia, qual é para os garotos?
Enquanto o povo está preocupado em falar NÃO AO ABORTO, ninguém lembra dos nossos garotos, crianças e adolescentes, que são brutalmente agredidos e violentados a cada ano. Afinal, eles não engravidam. E as doença sexualmente transmissível?
Precisamos não somente de leis que amparem as mulheres brasileiras, mas também nossas crianças e adolescentes de ambos os sexos. Atualmente uma menor de idade sequer pode ter acesso a pírula do dia seguinte, que evitaria uma gravidez indesejada. Enquanto um menor que é estuprado, pela lei atual, seu agressor só é acusado de atentado ao pudor, pois oficialmente a lei brasileira ignora o estupro masculino.
Em um país onde as leis não amparam as vítimas e, sim, incentivam o crime, por pouca ou nenhuma punição, é hora das pessoas começarem a pensar antes de afirmar uma opinião.
Não importa se é a favor do aborto legal ou contra, desde que não fique só no sim e não. E principalmente aqueles que são contra o aborto, pensem em se unir também para a luta por melhores leis, pois é muito fácil dizer NÃO AO ABORTO, até você se tornar parte das estatísticas ao sofrer uma violência sexual ou ter um ente querido violentado.
Segue um video do Canal Saúde da Fiocruz, onde boa parte dos problemas que vivemos hoje no Brasil, quanto aos abusos e violência contra mulheres (adolescentes, crianças e até idosos), são debatidos e esclarecidos de uma forma muito coerente.
Violência Sexual no Brasil, uma questão de saúde pública e da luta contra o machismo from Universidade Livre Feminista on Vimeo.
Texto de Anny Lucard
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