quinta-feira, 7 de julho de 2011

Entrevista: Ana Lúcia Merege

Uma Bibliotecária no Mundo do Faz de Conta

Por Louise Duarte


Ana Lúcia Merege, que lançou recentemente o livro “O Castelo das Águias” publicado pela editora Draco, conversou com a Digital Rio e contou um pouco sobre o seu livro mais recente, como é o seu processo criativo e quais personagens com que se identifica mais.

Fotos by Anny Lucard.

Digital Rio: Fale Um pouco sobre o livro “O Castelo das Águias”.
Ana Lucia Merege: O livro “Castelo das Águias” se passa em um universo criado por mim, chamado Athelgard, que é uma ilha e dentro dela tem outra ilha e esse universo que é formado pelos povos que habitam lá tem como base a mitologia nórdica. Então são elfos, humanos que tem algumas características que você até encontra em outros livros de fantasia particulares porque existe toda uma explicação mitológica para eles estarem lá. E nesse universo existe uma escola de magia que é bem diferente da escola de magia de Hogwarts, que se situa em um castelo chamado “Castelo das Águias”. O livro se chama assim porque tem uma floresta com umas águias douradas que só existem naquele lugar, mas essas águias tem umas características mágicas diferentes. E nessa escola de magia, eles tem um método de aprendizado que é o seguinte: as pessoas que chegam lá, elas não tem o dom da magia. Elas começam a trabalhar concentração, memória e outras coisas através de um treinamento que você daria normalmente a um saltimbanco, malabarista, acrobata. Por exemplo, ela começa a fazer malabarismo com as mãos e daqui há pouco está tão concentrada que começa a usar a força da mente. Aí, ela evolui para outras magias. Ela tem que conhecer natureza, literatura… Enfim, por isso se chama “Escola de Artes Mágicas”.

E esse livro é o seguinte, uma moça que vivia em uma floresta é chamada para ser a mestre das sagas, a pessoa que vai ensinar literatura. Chegando lá, ela conhece e se apaixona por um dos magos do castelo ao mesmo tempo que está acontecendo um movimento político para que as águias daquele castelo sejam usadas como armas de Guerra. Se passa por uma transformação dolorosa e complicada e o pessoal do castelo não quer que isso aconteça. Então, eles começam a trabalhar contra isso. E o livro é narrado por essa moça. Vai mostrando as descobertas dela lá, os sentimentos dela. Então eu acredito que seja um livro que pode agradar aos dois sexos mas boa parte do púbico dele que vai se identificar com a protagonista, eu acredito que seja feminino. Não quer dizer que os rapazes não vão gostar. Mas se eles lerem e ficarem achando que faltou alguma coisa, é só esperar pelo livro dois que é narrado pelo mago.

Digital Rio: De onde surgiu inspiração para escrever o livro?
Ana Lucia Merege: Inspiração é uma coisa que vai sendo construída ne? Eu tinha criado esse mundo, eu tinha criado essa personagem e não sabia o que fazer com ela. A escola de magia era uma terceira história , aí eu resolvi juntar tudo. Claro que você sempre tem inspiração quando você lê livros ou vê filmes naquele ambiente. Quando eu estive na Europa recentemente, eu morei lá entre 93 e 95, fiquei com castelos e paisagens na cabeça. Quando voltei lá e revivi tudo. E outra coisa foram os textos a respeito de magia, principalmente, embora não seja algo que eu siga ou pratique, eu gosto bastante de ler a filosofia que é o tipo de magia que trabalha com o pensamento e forma. Você criar um pensamento na sua imaginação , você trabalha e daí você criar a magia, a magia que se constrói através do pensamento. Então, eu fui usando todas essas imagens, usando da mitologia nórdica que também ajudou bastante sem contar que eu fiquei com vontade de escrever uma história de amor.
Digital Rio: Há Quanto Tempo você escreve?
Ana Lucia Merege: Esse livro teve a sua primeira versão escrito à jato há dois meses e meio. Depois, ele teve uma segunda versão escrita paralelamente com as minhas conversas com o editor porque sempre é assim né? A escrita é realmente a arte do refazer. E você escreve uma versão que saiu do seu coração, do seu estômago, do seu sentimento... Depois você vai conversar, pensar e ver o que pode funcionar e se você quer publicar. Tem que ver o que vai funcionar no seu público sem mudar a identidade da tua história. A minha protagonista tinha um temperamento, ela continua com o mesmo temperamento mas mudou algumas Ações para deixar a história mais dinâmica. Então, esse processo de reescrita deve ter durado de 6 a 8 meses. O livro demorou um pouco mais a ser publicado porque ele teve que entrar no cronograma da Editora. Eu comecei a escrever esse livro em 2005, retomei em 2010 e estou publicando agora em 2011.
Digital Rio: Esse é o primeiro livro que você publica?
Ana Lucia Merege: Não. Eu publiquei por minha conta um livro chamado “Caçador”, que mexe com os contos de fada. É o caçador da Branca de Neve que passa por vários contos de fada. Depois, ele foi republicado pela editora Franco no final de 2009. Eu também escrevi por minha conta o livro “Contos de Fadas – Origens, História e Permanência no Mundo Moderno”, que depois foi republicado no ano passado pela editora Claridade. Tem também um publicado pela minha conta sobre a história de um saltimbanco chamado “Jogo do Equilíbrio”, que se passa no mesmo lugar do castelo só que em outra região. Não tem magia, não tem elfo, não tem nada disso. Só um saltimbanco tentando segurar a mulher que ele ama, cuidar do filho, ganhar dinheiro. É uma história para adulto e bem diferente da do castelo. O que é legal pois mostra essa coisa de você se reinventar. Eu tenho conto em antologia de terror. Tenho história infantil. Agora estou escrevendo muito romance. Estou com convites para trabalhar com histórias de duendes que é uma coisa que eu amo, adoro de paixão. Sou louca por duende. E acho que escrever é isso. Você se reinventar cada vez mais, contar uma história nova.

Digital Rio: Tem algum personagem do livro com quem você se identifica mais? Qual e por que?
Ana Lucia Merege: A Anna de Bryke sou eu ne?Ela é a protagonista do livro. Ela é muito como eu era ne? Uma pessoa hiper sensível, que tá sempre antenada, prestando atenção em tudo que acontece. Ela é muito franca e no inicio ela é até bastante direta, mas ao mesmo tempo em que ela fala o que ela pensa, ela toma cuidado para não pisar no coração de ninguém. Então, ela é uma pessoa que tem uma extrema delicadeza que é uma característica que eu acho que eu tenho. Eu posso até fazer uma critica, mas sempre faço de uma maneira que acho que não vá machucar. E outra coisa, ela gosta de literatura, ela lê muito. No caso dela, ela memoriza porque ela trabalha com sagas que é uma coisa que eu não faço. Ela é contadora de histórias, ela é romântica. Extremamente romântica. E você tem que ver que eu já tenho 42 anos e ela é uma adolescente. Então, eu diria que eu sou um pouquinho melhorada,com umas características de vida completamente diferente, mas é a personagem com quem eu me identifico. Tem outros né? Eu me identifico bastante com um aspecto de um mago que é pacifista e as vezes parece que ele está em cima do muro, odeia discussão. Eu tenho um outro lado meu que é meio ripongo, meio natureba assim mas é basicamente a Ana. Ela sou eu.

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