terça-feira, 10 de março de 2015

#RioContentMarket - De olho em adaptações da literatura nacional atual

No Rio Content Market deste ano, além do YouTube em destaque, um outro assunto em foco, que foi muito comentado em diversas palestras, foi as adaptações para a TV. Especialmente após o lançamento da Escola de Série da ESPM, realizado um dia antes da abertura da edição 2015 do RCM.


Com a criação da Lei 12.485, ou Lei da TV Paga, se abriu uma oportunidades de criar produções 100% nacionais para as TV por assinatura, as quais infelizmente ainda tem dificuldade produzir as 1.070 horas anuais de conteúdos nacionais exigidas, pois a Lei criou uma demanda, mas a falta de estrutura dos canais atualmente na lista das operadoras brasileiros, torna o espaço com carência em várias áreas, pois basicamente era só comprar programas estrangeiros e exibir em sua grade de programação.

Alguns canais buscaram em TVs abertas ou do governo material para suprir o que para eles inicialmente foi um problema, mas a atitude começa a irritar muitos assinantes, já que pagam para ver uma programação de qualidade superior e exclusiva. Não a mesma coisa que tem de graça e que provavelmente já viu.

A necessidade de produções nacionais não só de qualidade, mas também inéditas (e de preferência originais, já que alguns canais pagos tiveram a péssima ideia de fazer versões nacionais de reality show, imitando não só programas internacionais, mas canais abertos e voltando ao mesmo problema inicial) fez da ideia de adaptar livros uma alternativa viável. No entanto, todo mundo conhece os clássicos da literatura nacional e suas inúmeras adaptações, pois geralmente os textos são de domínio público e os as redes não precisam dar satisfação ou mesmo pagar a seus criadores pelas histórias. Logo não seria a ideia mais inteligente produções do tipo, mas com a RCM  um grande espaço se abriu para encontrar ideias novas. Por isso não é surpresa que editores, e alguns autores antenados, já esteja buscando se informar sobre como criar adaptações de romances para o audiovisual.

Por conta disso, não foi surpresa que publishers de importantes editoras, como a Rocco, a Companhia das Letras e a editora britânica Bloomsbury estarem presentes na edição 2015 do Rio Content Market. Que em um painel chamado "Editoras e Identificação de Conteúdo Original", teve a inglesa Liz Calder falando da importância de boas narrativa e a criação de histórias que chamem a atenção.

A editora vinda da Inglaterra está no mercado editorial desde os anos de 1970 e representa uma das mais conceituadas editoras da atualidade, a qual afirmou que uma boa adaptação não é aquela que necessariamente é fiel ao livro, mas que mantém boas narrativas como foco.


Já Flávio Moura, o editor da Companhia das Letras, destacou como se faz a compra de direitos autorais e sobre estimular produções audiovisuais através das adaptações, dando o exemplo da biografia de Getúlio publicada pela editora, escrita pelo jornalista Lira Neto. História real, contada em três volumes. Que antes de ser finalizado, já teve os direitos negociados para a adaptação cinematográfica, o que viabilizou o tamanho da obra, pois de acordo com o editora, as editoras brasileiras não têm tantos recursos.

A gerente editorial da Rocco, Vivian Wyler, falou sobre um trabalho que praticamente não existe no Brasil, o de agente literário. Trabalho que no exterior ajuda os autores a ter expectativas em torno de suas obras.

"Editor não pode viver somente em meio aos livros. Para identificar história com potencial é preciso estar ligado em outras coisas, em séries, quadrinhos, programas de TV e etc," afirmou Vivian Wyler.

Lá fora os agentes literários não são apenas os que vendem livros para as editoras e recebe uma porcentagem, eles devem ser atuante e produzir conteúdo (como assessores de imprensa), até porque atualmente o escritor que se destaca não é uma pessoa sozinha. Alguns se destacam por sempre estarem presente junto a fãs, divulgado suas obras, seja fisicamente em feiras literárias ou por redes sociais. A Rocco mesmo já trouxe autores para o Brasil, como foi o caso de Anne Rice, que participou da Bienal do Livro RJ 2011.

Só que não foi apenas as adaptações de livros para audiovisual que foram assunto no RCM 2015, adaptações como de séries de TV para narrativas de games também tiveram destaque. Onde o britânico Steve Ince, no painel "O Poder da Narrativa dos Games", falou sobre todo o processo de criação de games e também de como fazer uma adaptação da trama de uma série de TV para o universo audiovisual dos games. Escritor e designer com mais de 20 anos de experiência, o britânico deu uma verdadeira aula sobre os aspectos da interatividade de uma narrativa de jogos eletrônicos, também incluiu algumas dicas que podem ser usadas para outras mídias; destacando a estrutura narrativa e suas diferentes formas.

Leia+: #RioContentMarket

Sobre a edição 2015: RCM 2015


Texto e fotos: Anny Lucard

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