I Fórum de Educação da Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro e estreia do SarALL, parceria com a FLUPP, atraíram o público presente
O Fórum de Educação marcou o segundo dia de programação da 17ª Bienal do Livro do Rio de Janeiro, no Riocentro. Destinado a debater temas relacionados à leitura e à pedagogia, o encontro reuniu escritores, pensadores, professores, educadores e leitores que lotaram o Auditório Madureira ao longo do dia.
No primeiro encontro, Pedro Bandeira, um dos maiores vendedores de livros infanto-juvenis no Brasil, foi enfático em sua mensagem aos educadores: “Não podemos colocar a crise dentro de nós. Temos de continuar a lutar pela formação de um Brasil que está nas nossas mãos”, disse, acrescentando que os profissionais da educação devem estar prontos para os novos tempos promovidos pelo avanço da tecnologia. “Temos que nos adaptar, incentivando os alunos a buscarem, por eles próprios, o conhecimento.”
O fórum recebeu também um dos principais pensadores da atualidade, o educador e escritor Mario Sergio Cortella, que abordou o tema “A era da curadoria: o que importa é saber o que importa”. Com o auditório repleto, Cortella falou sobre a velocidade e formação de pessoas em tempos de informação instantânea.
“O papel do curador é orientar, ampliar, indicar caminhos e não apenas ensinar. É preciso diferenciar informação e conhecimento e ter a consciência de que a informação é esquecível, o conhecimento é inesquecível. A curadoria começa pelos educadores”, afirmou. Por várias aplaudido, o autor finalizou a sessão salientando a importância de o educador entender a realidade dos alunos e adaptar-se a ela: “Só se é um bom ‘ensinante’ quando se é um bom ‘aprendente’. Lembrem que, com uma mentalidade de ensino ultrapassada, não é possível reencantar os alunos de hoje.”
O fórum contou ainda com Zoara Failla, Leandro Narloch e José Andarillo, que discutiram “Diálogo literário: O jovem produtor e consumidor de literatura”, e Silmara Franco, que apresentou o tema “Navegando em mares conhecidos: Como usar a internet a seu favor”.
Na segunda parte do fórum, o tema reuniu o jornalista e escritor Leandro Narloch, autor de Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, José Andarillo, autor de Fiel, Zoara Failla, socióloga pesquisadora de hábitos dos leitores brasileiros, e Viviane Sales, organizadora do sarau Poesia de Esquina, realizado na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio.
Poesia nas periferias
Em parceria com a FLUPP, a Festa Literária Internacional das Periferias, a Bienal abre espaço até domingo para poetas atuantes em saraus de todo o Brasil. Mediado por Ecio Salles, um dos idealizadores da FLUPP, o encontro inicial contou a presença dos poetas Bernardo Vilhena e Moduam Matus, que compartilharam suas experiências no mundo da poesia.
“Vivemos uma cena nacional de saraus de muita vitalidade. Só no Rio, temos informações de 120 grupos de saraus em atividade, por isso a promoção de um encontro nacional dessa natureza era uma necessidade antiga”, afirma Ecio. Entre os grupos de saraus presentes estavam Mulheres da Praia, Sarau do Vidigal, Uma Noite na Taverna, Sarau de Manguinhos, Sarau do Rio e Suburbano Convicto.
Já o Café Literário, este ano com curadoria do Rodrigo Lacerda, reuniu o escritor e jornalista Roberto Pompeu de Toledo e o autor Jorge Caldeira. Intitulado “Para conhecer a história de São Paulo”, o encontro debateu temas como a consolidação do projeto republicano e a evolução da imprensa moderna no Brasil. “Com pouquíssimos habitantes, São Paulo era uma cidade de província e, ao longo do tempo, viveu um forte processo de modernização e industrialização”, comentou Caldeira.
O espaço Cubovoxes recebeu a estudante Yasmin Thayná, o cineasta Bruno Duarte e a jornalista Silvana Bahia. Com o tema “Engajamento & produção narrativa”, sob a mediação da escritora e jornalista Simone Magno, eles abordaram as ideias que precederam o curta-metragem KBELA, que será lançado em setembro, e tematiza o preconceito racial. “A gente precisa reconhecer que o racismo existe para se propor a ficar do lado de quem quer mudar”, afirma a estudante. “O filme tem que ser exibido nas escolas, que são um ambiente muito cruel para as meninas, especialmente as negras. Meu sonho é que ele vire material didático”, diz Silvana.
Depois, no mesmo espaço, Affonso Solano conversou com fãs sobre sua trajetória como escritor e sobre seus dois livros, Espadachim de carvão e Espadachim de carvão e as Pontes de Puzur. O autor revelou suas influências: além do mestre do terror Stephen King, o hábito de desenhar também tem peso sobre as histórias. Heróis da Marvel, quadrinhos e dúvidas sobre o processo de criação da série também foram questões levantadas pelos fãs e discutidas por Solano.
A primeira sessão do Cubovoxes aconteceu ontem em um bate-papo com a escritora Carina Rissi, que lotou o espaço dedicado aos jovens. O encontro levou leitores ao delírio com as novidades e curiosidades sobre o novo livro da série Perdida. A escritora também relevou ainda segredos de suas obras e personagens. “Gosto de colocar minhas ideias e pensamentos no papel. Músicas e aventuras românticas são ótimas fontes de inspiração, mas a escritora Jane Austen é a maior influência para as minhas histórias de romance”, comentou Carina, despertando o interesse do público para seu próximo romance, Destinados.
Na abertura na Bienal, atividades destinadas a profissionais do mercado editorial
Ontem, o I Encontro Internacional de Profissionais do Livro, Interlivro, realizado no auditório Madureira, reuniu nomes como o consultor austríaco Rüdiger Wischnbart; a diretora de relações com editoras da Associação de Editores do Reino Unido Emma House; os editores Jo Lendle (Carl Hanser Verlag - Alemanha), Stefano Mauri (Grupo Editorial Mauri Spagnol - Itália) e Jorge Oakim (Intrínseca - Brasil).
Rüdiger abriu a programação, às 15h, e apresentou ao público as tendências internacionais do mercado editorial e como o Brasil se insere nelas. “Os livros vêm enfrentando complexos desafios. Porém, a meu ver, a leitura é central e essencial para a educação. Tudo o que queremos contar e expor pode ser transformado em livro”, disse, ressaltando que nos Estados Unidos, por exemplo, os e-books já representam mais de 20% do faturamento do mercado editorial.
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Fonte: Assessoria Evento
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