quarta-feira, 15 de junho de 2011

Livro, conteúdo e arte

Quem adora a boa literatura, com certeza ficaria alucinado com a possibilidade de ter um livro como essa edição especial de Drácula de Bram Stoker.

Se tem algo que pode superar a experiência fantástica da leitura, é ler um bom livro que também foi bem diagramado, pois é a união da boa literatura com uma bela arte visual.

Graças as parcerias e apoios culturais da Digital Rio, tive a chance de ver o trabalho de diversas editoras, onde descobrir livros de literatura fantástica de conteúdo e também beleza, como raramente encontro em publicações novas.

Antigamente havia um cuidado com capas e com o interior dos livros, que era associado ao fato que o livro deveria durar por séculos. Infelizmente, hoje em dia, a industrialização fez do livro algo também descartável. Uma pena, pois ainda vejo muita gente preferir buscar em sebos (eu inclusive), velhas edições de clássicos, que comprar o livro do autor favorito em uma versão atual na livraria. Afinal não há nem o trabalho de uma atualização de linguagem na maioria desses textos mais antigos, logo não faz muita diferença ler um livro clássico de 100 anos, ou a publicação nova. O que é lamentável, pois da mesma forma que precisamos traduzir livros de um país para outro, as editoras que publicam clássicos deviam, no mínimo, fazer um minucioso trabalho de atualização dos textos em português. Algumas alegam que seria "se meter no estilo do autor", e traduzir é o quê? Porque o português de 100 anos atrás é quase uma língua estrangeira. Creio que isso é desculpa esfarrapada, pois vi recentemente um ótimo exemplo de trabalho de atualização de texto antigo, no livro Esfinge do autor brasileiro Coelho Neto, feito pela Editora Infinitum.

No que diz respeito a autores novos, não parece que há muita opção, quanto ao tipo de publicação aqui no Brasil. O leitor que fique feliz de ter um bom conteúdo em mãos, mas se o livro é feito de papel de jornal e capa igual a tantas outras por ai, a maiorias das editoras parecem não ligar.

Livros estrangeiros traduzidos, tem suas capas frequentemente copiadas aqui no Brasil. A maioria são aquelas capas simples e sem graças, algumas até podem despertar curiosidade, como a da saga de Crepúsculo, mas é frustante saber que as capas foram feito de forma tão aleatória, que nem a autora sabe exatamente o porque das imagens escolhidas para seus livros.

No que diz respeito a publicações digitais, às coisas não são diferentes, só pegam o livro impresso e o transportam para o meio digital. Tanto que a maioria das pessoas acham que e-book é só um "copy & cole" de um livro, o que faz muitos não aceitarem pagar tão caro por tal tipo de publicação, pois é mais vantagem comprar o livro impresso.

No Brasil o pouco caso parece ser tão grande, que a maioria das grandes editoras simplesmente copiam os livros estrangeiros, apenas traduzindo o texto, diferente de outros países que buscam valorizar o trabalho dos capistas locais, criando capas para as publicações estrangeiras, como fariam para as nacionais.

Com a febre vampiresca, acompanhada do interesse pela literatura fantástico, especialmente de conteúdo sobrenatural, a chance de ter livros fantásticos dos mais variados traduzidos finalmente chegou ao leitor brasileiro. Infelizmente atualmente só livros, semelhante aos da saga Crepúsculo ou Harry Potter são traduzidos, são poucos de conteúdo diferenciado que chegam por aqui. Porém, aos poucos, outros autores chegam ao mercado, inclusive alguns brasileiros. Verdade que ainda é complicado esses autores conseguirem alcançar as grandes redes de livrarias, mas a internet ajuda as pequenas editoras a vender diretamente ao público alvo, o que pula a parte das livrarias e com isso mantém um custo razoável de suas publicações.

Por enquanto ainda são raros autores do Brasil como André Vianco e, mais recentemente, Eduardo Spohr, pela livrarias brasileiras. Porém esperamos que outros ganhem cada vez mais destaque, como a criadora da saga Alma e Sangue, a brasileira Nazarethe Fonseca.

Talvez o que ainda falte aqui, seja não só o incentivo à leitura, mas quem sabe uma boa primeira impressão. Porque temos que ter a consciência que no Brasil, além de não existir um hábito de ler, especialmente entre adultos, muitos são esses que nunca pegaram um livro por simples prazer. A maiora dos brasileiros, quando muito, tem contato com o livro na escola e após, raramente pegam num livro se não for para estudar.

Então imagina um adulto que olha para um livro e ver uma capa tão sem graça, quanto a dos livros escolares, onde abre e nada de interessante há além de letras miúdos e aglomeradas. Para quem já tem o hábito de ler, isso não é problema, mas não funciona assim com quem está buscando a leitura pela primeira vez.

Quando alguém que gosta de lê, por exemplo, vê os filmes de Harry Potter e descobre que é baseado em uma série de livros, a reação ao ver que há vários e que a maioria são tijolões, geralmente é algo como "legal". Se isso acontece com alguém que não costuma lê, a reação é algo do tipo "livro grande, vou ver só os filmes mesmo" .

Imaginando uma reação semelhante a minha ao entrar em contato com meu primeiro e-book, e não falo dos "copy & cole", me refiro a uma genuína publicação em e-book. No meu caso, falo dos livros da brasileiríssima Editora Infinitum, onde encontramos uma bela capa e qualidade na diagramação, além de um recurso de "nota de rodapé" que clicando uma vez, vai ao fim do livro onde encontra-se as notas, clicando uma segunda, volta ao texto (recurso muito prático e eficiente). Essa primeira impressão para quem adora uma biblioteca (daquela cheia de livros velhos) e um sebo, foi o suficiente para pensar em começar a ter minha versão virtual de bliblioteca, que poderei levar para todo o lado.

Uma boa primeira impressão é fundamental. Uma bela capa, com certeza iria ajudar a despertar interesse por um livro. Verdade que não devemos comprar o livro pela capa, já li livros incríveis de capas simples e até sem graça, mas não me lembro de ter lido um de capa bem trabalhada que fosse ruim. Podiam até não fazer o meu tipo de história, mas com certeza todos eram bons.

Pensando no ótimo trabalho da Infinitum em questão virtual (tanto em diagramação, quanto em capa), comecei a reparar em editoras tradicionais e vi que as pequenas e mais novas do mercados, estão fazendo o que as grandes parecem não se interessar. A maioria das pequenas editoras estão produzindo publicação com capas bem feitas, diagramação cuidadosa e até com detalhes artísticos, como desenhos e fotos, no interior dos livros.

Em meio a essas editoras pequenas e médias, minhas favoritas em relação ao trabalho de capa, são a Tarja e a Aleph. Nas editoras Draco e Giz encontrei belas capas e detalhes no interior de seus livros, que dão uma característica bem autoral. Porém o destaque vai para a Editora Estronho que, por exemplo, no primeiro livro da série Extraneus, fez um ótimo trabalho de capa e diagramação, que é difícil não se empolgar ao colocar os olhos no livro. Além do conteúdo, que conta com uma ótima seleção de histórias fantásticas. E quando eu pensava que ninguém podia fazer melhor, a própria Estronho se supera publicando Insanas. O livro é um dos mais bem diagramados que já tive o prazer de ver e creio que é uma ótima pedida para quem gosta de histórias fantásticas das mais sinistras.

Não devemos comprar um livro pela capa, mas quem não gosta de ter conteúde e beleza na palma da mão, seja impresso ou virtual.

K.R. (@ryu_kane)

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