Por Anny Lucard
'Drácula – A história nunca contada' (Dracula Untold), dirigido por Gary Shore e com o roteiro assinado por Matt Sazama e Burk Sharpless, foi feito inicialmente como um filme solo, mas teve seu roteiro alterado para ser o primeiro da franquia "Monstros da Universal".
O roteiro aproveita a história controversa envolvendo o príncipe da Valáquia (região que atualmente faz parte da Romênia), Vlad III, e a reuni as suposições feitas quanto ao personagem ficcional do livro 'Drácula' de Bram Stoker, ser inspirado na personalidade história do nobre.
Isso porque além do mesmo nome, há registros na Biblioteca de Londres que o autor, durante os anos de pesquisa para seu romance, teria consultado um livro sobre o príncipe valáquio.
Vlad III, era conhecido como "o filho do Dragão Vlad" (Vlad Dracul, como seu pai Vlad II era chamado, por ser membro da Ordem do Dragão) ou, na língua local, "Vlad Dracula".
Além de Vlad Dracula, Vlad III também era conhecido por um outro nome, "Vlad Tepes", que em português significa "Vlad, o Empalador", isso por ter importado do oriente a execução de inimigos por empalamento. Técnica aterrorizante e extremamente dolorosa de morte que aprendeu com os turcos, durante o período que foi prisioneiro.
Reza a lenda que os captores do príncipe passaram a temê-lo durante o tempo que ele esteve cativo, pois Vlad III teria decidido aproveitar melhor a estadia, aprendendo várias das técnicas de tortura e execução cruéis de seu inimigo, ao invés de ser submisso. E por causa da atitude incomum do nobre prisioneiro, os turcos o teriam soltado, permitindo que o príncipe retornasse a Valáquia.
Foi a partir desta história, uma de várias sobre o príncipe valáquio, que o roteiro do filme é desenvolvido.
A ideia de criar uma ligação entre um personagem histórico e um ficcional pode até parecer impossível, mas curiosamente há várias brechas e mistérios envolvendo a família de Vlad III e a história das regiões que hoje formam a Romênia, como a Valáquia e a Transilvânia; que não foi tão difícil encontrar links entre os Draculas. Especialmente por causa das lendas do povo romeno envolvendo seres bebedores de sangue.
Vale ressaltar que é um filme do cinema fantástico, onde foram pegos elementos da vida de uma pessoa real, para criar um passado para um personagem totalmente ficcional. Não é um drama histórico, tão pouco um roteiro baseado em fatos reais, é um filme de vampiro com seu próprio universo ficcional. No entanto, a Universal decidiu pelo gênero aventura, com ação, para a produção do filme e não o terror, seguindo a linha da franquia 'A Múmia' (que terá um remake e também fará parte da franquia nova do estúdio).
No roteiro de 'Drácula – A história nunca contada', Vlad é referido como príncipe da Transilvânia, o qual foi preso pelos turcos quando garoto e seria o filho único da família conhecida por fazer parte da Ordem do Dragão. Casado e com um filho, tem o período de paz em seu reino ameaçado pelo exército do antigo inimigo.
Não foi incluído no roteiro a relação da família do príncipe da Valáquia com a da Transilvânia, nem é mencionado o irmão mais novo de Vlad III, Radu, o Belo, que também foi aprisionado pelos turcos. Deixando o personagem do filme mais próximo do Drácula de Bram Stoker que da personalidade histórica.
Também foram desenvolvidos personagens originais para o roteiro, como um vampiro-mor (vampiro mestre) que passa seu dom sobrenatural para Drácula.
Há uma dose de romance na história, pois quem conhece os Draculas, sabe que ambos possuem uma peculiar semelhança, são passionais ao extremo. O histórico com a conturbada relação com a primeira esposa e o ficcional com sua obsessão por Mina. Logo não teria como ligar as histórias, sem destacar esse lado do personagem.
Em relação a parte vampiresca da trama, a linha seguida pelos roteiristas misturou elementos populares e outros nem tanto, deixando uma desconfiança que, para variar, nenhum dos dois leu o livro do autor britânico. Porém foram felizes nas escolhas que funcionaram bem na trama criada para o filme.
Entre os elementos mais populares está o fato dos vampiros queimarem no sol, mas não se afastam muito do personagem de Bram Stoker, pois os roteiristas usaram o poder de manipular o clima, como criar névoa, de forma que Drácula ganhasse vantagem durante o dia, em relação aos outros vampiros do tipo. Além do poder sobre criaturas noturnas, como morcegos. Também ressaltam o fato dele ter se tornado um vampiro-mor e não qualquer vampiro (afinal ele SEMPRE volta, os outros não).
Não há menção da fraqueza de Drácula por alho, pelo menos nesse primeiro filme da franquia, mas por causa do foco quanto a ele ser um guerreiro excepcional, incluíram uma fraqueza vampiresca pouco popular, a prata; que atualmente é usada quase que exclusivamente como forma de matar lobisomens. Porém funcionou bem no roteiro, proporcionando ótimas cenas.
'Drácula – A história nunca contada' chega aos cinemas brasileiros no dia 23 de outubro e é recomendado para quem curte cinema fantástico sobrenatural do gênero aventura, com ação, que inclui dose de romance e também um pouco de drama. Repleto de efeitos digitais de última geração, fotografia e trilha sonora bem trabalhadas, mesmo não sendo um clássico filme de vampiro de terror sanguinário, entra para lista de produções imperdíveis para fãs dos sugadores de sangue. Com um Drácula moderno, mas que não perde a essência que o imortalizou na cultura mundial, brilhantemente interpretado por Luke Evans.
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